SEDE COMPANHIA PORTO SEGURO, 2013

O grande patrimônio imobiliário da Porto Seguro na região dos Campos Elíseos, região central da metrópole, somado ao expressivo contingente de funcionários e clientes que circulam pelo bairro, fazem ver um imenso potencial de transformação urbana. Não se trata apenas de recuperar e fazer novos prédios, mas de fazer cidade, ou seja, promover a qualidade do espaço urbano.

O projeto para a requalificação do conjunto Rio Branco/Guaianazes consiste em unificar os acessos de pedestres e interconectar as três torres do conjunto. Não mais com passarelas e túneis de serviço, mas com um amplo lobby elevado (1.200 metros quadrados), arejado e iluminado naturalmente, animado por restaurantes, cafés, serviços expressos e exposições. Ponto de encontro que promove a sociabilidade e potencializa os recursos humanos da empresa. Esse lobby faz uma nova frente para a avenida, ao longo dos 90 metros do conjunto. Aberto para a cidade, o nível térreo transforma-se numa praça, permitindo a conexão das ruas que envolvem essa quadra.

Com o acesso unificado pelo saguão superior, a questão da segurança se simplifica e permite transformar todo o espaço residual hoje existente em uma praça em continuidade com a cidade. O conjunto se fará notável também no período noturno a partir da proposta de iluminação. Numa seqüência de áreas ensolaradas, sombreadas, permeadas por jardins criam-se possibilidades de novos percursos que incluem o conjunto de casas tombadas da Rua Guaianazes, convertidas em cafés, restaurantes, livrarias, docerias e conveniências. Afastado do ruído da avenida, da concentração de pessoas no acesso dos escritórios, o pátio conformado pelas casas históricas alcança maior potencial como uma área aprazível e protegida, refúgio para quem circula cotidianamente para o bairro.

A visibilidade plena das três torres é a chave para a memória física urbana da própria empresa. A nova torre será implantada perpendicularmente às duas existentes, garantindo vistas amplas e valorizando o conjunto construído. O prédio será estruturado em plantas livres, com estrutura metálica periférica e um core de concreto que concentra circulação e áreas de apoio. Um aparelho de apoio com três grandes pilares intertravados, concentra as cargas de apoio do edifício vertical numa forma marcante, escultórica.

As fachadas de vidro são protegidas por uma segunda pele metálica, que controla a irradiação de calor de e filtra a luz solar, otimizando o sistema de climatização e desobrigando o uso sistemático de cortinas ou persianas. Varandas estão dispostas em todos os pavimentos, rompendo a monotonia inerente às grandes lajes de escritórios corporativos. São áreas abertas, não computáveis nos coeficientes, mas que transformam o espaço de trabalho e externamente caracterizam o volume da edificação.

Tanto a barra horizontal (lobby) como a nova torre irão incorporar toda a teccnlogia disponível para incremento da eficiência energética (vidros de alta refração, automatização de todos sistemas eletrônicos etc.), além de um jardim suspenso de 1000m2. Este jardim recolherá e filtrará a água pluvial, diminuirá a irradiação de calor da cobertura e fornecerá uma quinta fachada ao conjunto, além de funcionar como área de lazer restrita aos funcionários da Porto Seguro.O acesso de veículos será feito pela Avenida Rio Branco, com uma ampla área de embarque e desembarque coberta pelo próprio lobby. Os três níveis de estacionamento podem ser conectados com os subsolos dos edifícios existentes, e o seu acesso pode ser feito diretamente pelo lobby por escadas rolantes, unificando o acesso de pedestres, passageiros de taxis e motoristas que usam o estacionamento.

O incremento da qualidade urbana numa cidade como São Paulo certamente será um valor mais perene e reconhecido do que a escolha de formas ou materiais hoje vistos como contemporâneos. Por outro lado, vão se sedimentando experiências da esfera privada que foram determinantes na qualificação do espaço, desde os complexos dos anos 50/60 como o Conjunto Copan, o Conjunto Nacional ou o Metropolitano. Mais recentemente, vimos o êxito da quadra aberta da Cetenco Plaza ou do Conjunto Brascan Century Tower.

A Porto Seguro tem uma rara oportunidade: expandir e valorizar seu patrimônio com a qualificação do bairro a partir de seus próprios investimentos. Não se trata de onerar ou limitar esses investimentos, mas de aproveitar benefícios que já estão incorporados na Lei de Zoneamento da Cidade. No caso específico do quarteirão da Av. Rio Branco, a área da empresa se estende ao longo de 90 metros da avenida, e abre-se para outras duas ruas, ocupando quase dois terço da quadra. Tornar esse térreo uma área privada de uso público permite aumentar a taxa de ocupação, o gabarito e o próprio potencial construtivo da gleba.

A proposta apresentada é bastante flexível em relação às possibilidade que nesse momento estão indefinidas. Sua característica mais marcante, a associação de um edifício horizontal que desenha uma frente para a cidade com uma torre independente dos edifícios vizinhos, permanece em todas elas: o partido pode facilmente adequar-se a variação do Coeficiente de Aproveitamento, possível a partir da consolidação da Operação Urbana Lapa-Brás. A torre está implantada com alguma folga nos recuos legais, podendo aumentar-se tanto o número de andares como a área de laje do andar tipo. O projeto também pode ser implantado com ou sem o remembramento dos lotes, análise complexa e difícil de ser feita nesse momento. Por fim, o térreo pode ser gerido de duas formas, aberto ao uso público, com acesso pelas três ruas envoltórias ou controlado, restrito aos usuários da empresa.

local são paulo, sp

ano 2013

arquitetura UNA arquitetos: cristiane muniz, fabio valentim, fernanda barbara, fernando viégas

colaboradores  anna juni, eduardo martorelli, igor cortinove, hugo bellini, marta onofre, pedro ivo, roberto galvão jr.

estrutura companhia de projetos

consultoria legislação H2 arquitetura