SEDE ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA INDÚSTRIAS TÊXTEIS, 2011

A Associação Brasileira da Indústria Têxtil e de Confecção (ABIT), fundada em 1957, é uma das mais importantes entidades dentre os setores econômicos do País. Ela representa a força produtiva de 30 mil empresas instaladas por todo o território nacional que se constituem como a sexta maior indústria têxtil do mundo, empregam mais de 1,7 milhão de trabalhadores e geram, juntas, um faturamento anual de US$ 47 bilhões.

O Sindicato da indústria de fiação e tecelagem em geral, de tinturaria, estamparia e beneficiamento, de linhas, de artigos de cama, mesa e banho, de não tecidos-e de fibras artificiais e sintéticas do Estado de São Paulo (SINDITÊXTIL) foi fundado na década de 1930, e divide com a ABIT os espaços da casa na Rua Marquês de Itu.

A CASA

“A casa que hoje é sede da ABIT começou a ser erguida no início dos anos 20. O proprietário, Roberto Alves de Almeida, que era um barão do café dentre outros segmentos em que atuava, trouxe para o Brasil um engenheiro da França especialmente para construir esta casa. Durante duas décadas, esse engenheiro acabou erguendo várias mansões no bairro de Higienópolis.

Roberto Alves de Almeida e sua esposa Ernestina idealizaram esta casa para criar e educar as quatro filhas pequenas do casal. As meninas cresceram brincando no imenso quintal, nadando na piscina (onde é hoje o auditório) e só deixaram o casarão para se casarem.

A Casa das Quatro Meninas foi cenário de muitas histórias. A começar pela própria construção que levou mais de 15 anos. Tendo iniciado as obras em 1923, teve que ser interrompida em 1929 com o “crash” da Bolsa de Nova York onde muitos plantadores de café sofreram com a crise. Toda a parte térrea que incluía os salões de estar, jantar, bar e o hall de entrada ficaram interditados por 10 anos.

Em 1939, a Casa foi terminada e os salões foram abertos com um grande baile para apresentar a filha mais velha à sociedade. Desde então, nunca mais as portas desta casa se fecharam para as festas e encontros dos barões, presidentes de vários países, embaixadores, artistas, políticos e empresários.

No início dos anos 60, com todas as filhas casadas, o casal resolveu vender a Casa. O então presidente da ABIT, Fernando Gasparian, comprou a Casa das Quatro Meninas, transformando a mansão do café na sede da indústria têxtil brasileira.

Atualmente, a casa está em processo de tombamento pelo CONPRESP e CONDEPHAAT. De 1999 a 2002 foi feita a primeira grande obra de manutenção e restauração da Casa pela ABIT e Sinditêxtil-SP. No primeiro e segundo andares localizam-se hoje as salas de reuniões e os escritórios onde trabalham cerca de 60 colaboradores. Por ano, cerca 25 mil pessoas de todo o País passam pela sede da ABIT.” (pequeno histórico retirado do site da ABIT: www.abit.org.br)

O EMPREENDIMENTO

Após quase dez anos após a realização das reformas para restauro da casa as necessidades da associação e do sindicato mudaram um pouco, e o espaço para as 60 pessoas que ali trabalham se tornou de certa forma limitado. As instalações prediais precisam ser ampliadas e modernizadas, os acessos a determinados cômodos no último pavimento ficaram restritos a uma estreita escada, as instalações do auditório se tornaram obsoletas, e seu espaço muito exíguo.

A reforma da casa para se adequar a estas necessidades corporativas poderia vir a descaracterizar a construção de interesse histórico.

A opção que se afigura como viável é a compra dos terrenos vizinhos à casa, localizados na outra rua, a Martinico Prado, para construção de um novo edifício que abrigue todas as atividades necessárias ao bom funcionamento das duas instituições, desde escritórios esquipados com infraestrutura adequada até um novo auditório. No entanto, para se viabilizar comercialmente, o empreendimento teria que ser associado a algum parceiro incorporador.

Comisso a casa poderia ser restaurada e ter os saguões originais mantidos. Como o processo de tombamento ainda está em andamento, não é possível obter asinformações completas sobre as restrições a que serão submetidos os lotes lindeiros. Além disso, após o tombamento e o compromisso para realização dorestauro da casa, o novo edifício poderia se beneficiar da transferência do potencial construtivo através da lei:

LEI Nº 13.430, DE 13DE SETEMBRO DE 2002 [PlanoDiretor Estratégico (Art. 79 ao 181) (Alterado); (Projeto de Lei nº 290/02, doExecutivo)], no artigo 90, onde V – incentivar a preservação do patrimônio por meio de mecanismos de transferência de potencial construtivo e implementar política de financiamento de obras e de isenções fiscais.

Para receber a transferência de todo potencial construtivo da antiga casa, bem como ser beneficiado pela compra da outorga onerosa, todos os escritórios que ocupam sua área seriam relocados para o novo empreendimento, e esta receberia uso público, pois seria transformada na sede do Instituto Brasileiro de Moda, incluindo o Museu da Moda, com cursos, seminários, exposições e acervo próprio.

O novo edifício seria construído para abrigar consultórios, pela proximidade comos hospitais do bairro de Santa Cecília, e escritórios, dos quais quatroandares seriam ocupados pela ABIT e pelo SINDITEXTIL.

PARÂMETROS VOLUMÉTRICOS PARA NOVO EDIFÍCIO

A volumetria da nova edificação procura respeitar o bem em tombamento, proporcionando relações de visibilidade e integridade para ele. Optou-se por manter a altura da nova edificação igual à dos edifícios de 10 pavimentos + térreo, existentes no entorno, considerando que o conjunto urbano consolidado poderia ser mantido.

Este novo volume foi pensado para se afastar o máximo possível da casa nos recuos defundo, gerando um pátio de convivência em desnível que poderia ser utilizado tanto pelos usuários do novo edifício como pelos do Instituto de Moda.

A ocupação do andar térreo do novo prédio proporciona uma grande área livre conformada pelos altos pilotis, o que contribui para criar frestas e aberturas para que a antiga casa seja vista de ruas diferentes e de cotas distintas, ou seja da Marquês de itu e da Martinico Prado, que tem 5 metros de desnível.

 projeto 2011

arquitetura UNA arquitetos: cristiane muniz, fábio valentim, fernanda barbara, fernando viégas

colaboradores  ana paula castro, bruno gondo, carolina klocker, eduardo martorelli, roberto galvão jr.