ESTUDOS URBANÍSTICOS VILA PRUDENTE, 2006

Caracterizaçãoda área

O terreno ocupado pela antiga fábrica de papelãojunto à Avenida Luis Inácio de Anhaia Mello, que receberá o corredor ExpressoTiradentes, irá abrigar um terminal intermodal. Essa nova rede de transportespúblicos, no local, trará transformações profundas com conseqüências quedeverão ultrapassar os limites da própria quadra. Localizado no bairro da VilaPrudente, a gleba é delimitada ainda pelas ruas Ibitirama, Cavour e Itamumbuca.

Está prevista nesse local a construção da estaçãode transferência de ônibus, com capacidade para 6.000 passageiros/hora, umterminal de trolebus e duas estações de metrô, uma prevista para 2012 (linha 2),com 65.000 passageiros/hora e outra para 2025 (linha 6: Freguesia do Ó –Oratório).

A estação de ônibus está em fase de desenvolvimentopela SPTrans e foi implantada junto à avenida, na cota mais baixa da área dafábrica, parcialmente desapropriada; as estações de metrô ainda não possuemprojeto específico, mas há previsão de desapropriação da porção restante deterreno. Com a chegada desses equipamentos públicos de transporte de altacapacidade, invariavelmente, esse lugar passará por transformações estruturais,que devem ser acompanhadas por um plano de desenvolvimento que leve emconsideração a multiplicidade de fatores de impacto urbano. Num primeiromomento, é essencial que os fluxos de passagem sejam indicados e seus espaços sejamamplos, compatíveis com o elevado número de pessoas que passarão a circular noentorno imediato da estação intermodal. Será, portanto, indispensável incluir praçase áreas públicas no novo projeto de desenvolvimento.

O bairro da Vila Prudente tradicionalmente secaracteriza por ocupação de baixa densidade, predominantemente horizontal, euso misto, com atividades comerciais importantes ao longo das ruas Orfanato, Paesde Barros, Vila Ema, Zelina. O setor tem ocupação recente, nos mapas da cidadede 1930 [Sara Brasil] há ocupação apenas no núcleo da fábrica e no entorno daspraças Padre Damião e Centenário da Vila Prudente, hoje respectivamente centrocomercial do bairro e praça de equipamentos públicos [praça, escola estadual,biblioteca infanto-juvenil e unidade de saúde]. A abertura da Avenida AnhaiaMello e canalização do córrego da Mooca datam da década de 1970. A ocupação do bairro vemse transformando, aos poucos, com a construção de torres residenciais e com a conformaçãode alguns condomínios fechados.

A ocupação industrial também caracteriza a região,sobretudo ao longo dos eixos principais de circulação. No entanto, há váriasglebas abandonadas e outras em transformação, paulatinamente substituídas pelonovo padrão habitacional que vem se implantando. No terreno em questão aCompanhia Industrial Paulista de Papel e Papelão funcionou durante 80 anos,fechando as portas em 1993. Há um conjunto formado por dois galpões originais,relativamente bem conservados, e um menor, já bastante descaracterizado. Outrasconstruções mais recentes foram adicionadas à quadra, sem interesse históricoou arquitetônico.

Não há indícios de contaminação do solo, segundorelatório de Estudo de Impacto Ambiental, entretanto é recomendada a realizaçãode pesquisas mais detalhadas junto a CETESB no momento de desenvolvimento dosprojetos específicos das estações e do empreendimento.

Diretrizesdo projeto urbano

O projeto realiza a conexão entre os diferentesmeios de transporte, localizados em cotas distintas, e o tecido urbano adjacente.O perímetro da Operação Urbana Diagonal Sul, em desenvolvimento pela sempla, é limitado pela Rua Ibitirama ea área de intervenção em questão, portanto, está fora desse perímetro.

A estação de transferência, segundo projeto daSPTrans, terá acesso através de passagem subterrânea, localizada no primeirosubsolo, o que permite a ligação direta com o mezanino do metrô.

A diferença de nível nessa quadra chega a 9 metros de altura. Omaior desnível está na esquina da Rua Cavour com a Itamumbuca em relação àAvenida Anhaia Mello, praticamente plana neste trecho. O projeto procuraconcordar estes níveis através da construção proposta, criando acessos diretoscom a rua ao longo de todo o perímetro, e pátios e embasamentos que acomodam asdiferenças de altura.

Procurou-se, com isso, estabelecer uma mediaçãoentre as escalas presentes na gleba: a escala do bairro, de maior tranqüilidadee silêncio, priorizando a criação das áreas de estar e áreas verdes na cotamais alta do terreno; e a escala metropolitana, do corredor de transporte, nacota mais baixa, com fluxo intenso de pessoas e veículos, e alto nível deruído.

Conceitualmente o projeto urbano se coloca comoesquema de articulação desses espaços e usos indicados. São propostos vetoresverticais e horizontais para ocupação da gleba, e devem ser verificados erevistos à medida que o programa se consolidar.

A conexão do mezanino com as plataformas de metrôaparece como estratégia de obra, e deve estar prevista antes do início do empreendimento.Nesse estudo foi proposta a construção do mezanino do metrô através de subsolopelo sistema cut and cover, simultaneamenteao novo empreendimento, utilizando a área de terreno restante da desapropriaçãoda SPTrans.

A incorporação de dois galpões preservados e dosmuros de arrimo, parte do núcleo de 1913 da fábrica de papel desativada,procura valorizar a presença industrial, marca da urbanização inicial dessebairro. O conjunto passa a realizar o acesso às estações de metrô e ônibus pelosubsolo, e a interligação dos diferentes níveis presentes na quadra.

Os altos custos de implantação das duas estações dometrô podem ser compartilhados com outros investidores, havendo a possibilidadede incorporar novos usos às estações previstas. São programas que alimentariama própria demanda do sistema de transporte, reforçando o caráter metropolitano doequipamento.

A presença da estação intermodal indica anecessidade de realização de um projeto urbano que leve em conta o impacto noentorno amplo em relação ao equipamento, como a análise urbanística demonstra.

Após a definição de usos pertinentes e oestabelecimento dos parâmetros de projeto para a estação Vila Prudente do metrôserá necessária a adequação desse projeto e o desenvolvimento do programa específicojunto da estação, adaptando-o à realidade urbana, mercadológica eeconômico-financeira.

local são paulo, SP

data setembro a outubro/2006

promotor SPtrans, são paulo transporte, secretaria municipal de transportes

consórcio planservi engenharia, encibra estudos e projetos de engenharia, alphageos tecnologia aplicada

direção geral felipe I. kabbach jr./ russel rudolf ludwig

direção técnica renato c. porto

coordenação de interfaces olga l. y. matsuyama

estudos urbanísticos UNA Arquitetos  cristiane muniz, fábio valentim, fernanda barbara, fernando felippe viégas

colaboradores  ana paula de castro, eliana uematsu, jimmy efrén liendo terán, josé carlos silveira jr, luís eduardo loiola de menezes, maria cristina motta

barbara consultoria ricardo barbara

secretaria municipal de planejamento_SEMPLA jose geraldo martins oliveira, pedro m. rivaben salles, daniel montanton, natasha menegon

companhia do METROPOLITANO de são paulo_ metrô renato p. carvalho viégas, luiz cortez

departamento do patrimôniohistórico_DPH dalva thomaz