ESCOLA ATELIÊ ACAIA, 2002
A iniciativa de uma artista plástica de convidar crianças do bairro para freqüentar seu ateliê, surgiu com a intenção de aproximar pessoas de universos distintos através do aprendizado, da convivênciae do lazer.
A generosidade investida nessa experiência fez com que o número de pessoas envolvidas crescesse e, em pouco tempo, o espaço físico se tornasse limitador. No terreno ao lado do ateliê construiu-se o novo conjunto do Instituto Acaia. Hoje, recebe 100 crianças durante o dia, e as mães freqüentam o espaço à noite. São todos moradores do entorno do CEAGESP (antigo CEASA), o principal entreposto deabastecimento hortifrutigranjeiro da região metropolitana de São Paulo.
O Acaia oferece a possibilidade de desenvolverem atividades de marcenaria, costura, tecelagem, teatro, vídeo, música, capoeira, dança e culinária. Os programas são desenvolvidos em um bloco longilíneo de alvenaria que acomoda oficinas, vestiários, cozinha e uma pequena área administrativa. A cobertura do galpão, em estrutura de madeira, estende-se sobre o bloco de alvenaria, permitindo a instalação de uma biblioteca entre as duas estruturas.
O projeto para a nova escola manteve a idéia de galpão aberto como espaço principal, procurando preservar o clima despojado das antigas instalações, um espaço de trabalho e encontro que pudesse amparar os desejos de aprendizado efestividade dessas crianças.
“O caso deste projeto de arquitetura que acompanhei, é o projeto feito para uma espécie de ateliê múltiplo onde crianças de uma comunidade carente freqüentam, eu vejo as raízes saindo por todos os lados: nos sorrisos que se sentem olhados e respeitados, na calma que a biblioteca proporciona, no tranqüilo descascar batatas que a cozinha, agora toda luminosa, permite. Nos pátios que fazem as crianças se fantasiar, correr e dançar. Porque as crianças estão ali para ser tudo o que puderem ser, para experimentar muitas maneiras de ser. Isto só épossível em um espaço que denuncie o olhar largo que os orientadores fazem dia a dia para estas crianças, e o que se percebe hoje é que os arquitetos construíram este olhar. Eu não sei quantas vezes, durante o projeto, este olhar se reportou a histórias próprias deles, não importa, é visível no dançar, nos instrumentos construídos, na correria, no olhar de muitas crianças está refletida a transformação que os arquitetos fizeram ‘através’ do olhar que depositaram no Ateliê Acaia. Construir um espaço destes é antes de tudo permitir que estas crianças construam-se a si próprias.” – trecho de palestra proferida na Escola da Cidade em 2002 por Elisa Bracher (diretora do Instituto Acaia ).
local vila leopoldina, são paulo, sp
projeto 2002
obra 2002
área total 652,00m²
arquitetura UNA arquitetos; cristiane muniz, fábio valentim, fernanda barbara, fernando viégas
colaboradores andré cianpi, carolina nobre, clóvis cunha, fernanda neiva, guilherme petrella, gustavo pimentel, josé eduardo baravelli, márcio wanderley
construção sawya engenharia
estrutura de concreto faustino maximo da silva
estrutura de madeira hélio olga júnior
luminitecnia reka ricardo heder
paisagismo bonsai ricardo viana
fotos bebete viégas