EDIFÍCIO SEDE PARA CNM, 2010

Esse projeto resulta de uma reflexão sobre Brasília, plano e realidade.

A identificação de dois programas fundamentais, Escritórios e Auditório, tanto em área quanto em autonomia de uso, foi determinante para a definição do partido arquitetônico. A operação de elevação suave do terreno acomoda o Auditório e a suspensão em um só piso das Salas deTrabalho garante independência entre eles, unidos apenas pela lâmina decirculação e serviços.

Dois furos quadrados interligam os diferentes níveis da construção, abrindo-se para o céu e para o chão, qualidades do planalto central.

O terreno se localiza na Asa Norte, Setor deGrandes Áreas, e fica a 1300 metros do Eixo Monumental e do Lago.

A proposta para a sede da Confederação Nacional de Municípios consiste em uma intervenção nesse território, confirmando a idéia de continuidade do espaço público.

Na esplanada sombreada estão o Centro Cívico, o acesso direto ao Auditório e a parada coberta para carros. A praça se desdobra como plano inclinado até o interior do edifício, fazendo deste o lugar de encontro das pessoas vindas de todo o país.

A praça cívica foi pensada como uma extensão da cidade, para isso, o piso de madeira se estende da rua até a entrada, acomodando os jardins e bancos que surgem nesse percurso.

Nesse nível térreo a construção aflora, onde estão localizadas a recepção, a biblioteca – com facilidade para acesso de público externo – e o café, que se alarga para o terraço. Esse recinto de entrada se interliga diretamente ao foyer e às salas moduláveis através da sala em pé direito duplo, que leva iluminação natural no desdobramento para baixo. A rampa coberta, local de eventos como anfiteatro aberto, transforma a praça numa continuidade do foyer interno.

No primeiro subsolo estão localizados o auditório e seus apoios. O conjunto de platéia e palco pode ser subdividido em três salas menores; a sala de som e luz abriga também duas cabines para tradução simultânea; o estúdio de radio e tv se localiza no nível intermediárioentre o palco e o foyer, e tem visão direta para a sala. A cozinha contígua, apoio para os eventos do auditório, tem acesso de serviço diretamente da rua. Esse nível está um pouco abaixo da cota de soleira, permitindo iluminação, ventilação natural e saída de emergência.

O andar abaixo, segundo subsolo, é o primeiro nível de estacionamentos, seguido de mais três andares com paradas de carros. O terceiro subsolo também permite acesso direto para o Palco, Arquivo Morto, Almoxarifado e Central de Processamento.

Junto à espera e recepção, no pavimento térreo, uma escada com pé direito triplo e iluminação natural percorre os andares superiores através de um passeio contínuo, descortinando as vistas.

Todas as salas de trabalho foram localizadas nomesmo andar, o primeiro pavimento, facilitando o cotidiano de trabalho. A planta livre permite diversos arranjos, adequando-se às necessidades de um edifício administrativo.

Esse andar possui iluminação natural controlada em todos os ambientes de trabalho, através das quatro fachadas, do furo quadrado de luz e das clarabóias junto à lâmina de circulação.

A insolação e o calor internos são reduzidos através da proteção metálica, como cobogós. Em dias de chuva a ventilação continua a ser possível em função das varandas, protegidas, e com largura suficiente para garantir manutenção e limpeza.

Esses mecanismos simples garantem economia de energia ao edifício, reduzindo a necessidade de utilização de iluminação natural e ar condicionado. Interrupções nas proteções metálicas criam janelas nas fachadas e permitem a vista do lago e da esplanada dos ministérios.

A cobertura compreende a área de descanso e recreação para os funcionários. Equipado com cozinha aberta para o refeitório, o prisma transparente se volta ao sul, para o solário. Este local de estar é protegidodo sol forte pelo pergolado contínuo. A lâmina d’água distancia as pessoas das bordas do edifício e orienta o olhar para longe, contribui para o aumento da umidade do ar neste terraço e funciona como isolante térmico para o piso dos escritórios.

O projeto foi pensado como estratégia de construção, para se adaptar às necessidades de rapidez na obra e de adequação à disposição do programa. Para isso as fundações e os níveis em subsolo são construídos em concreto armado, assim como a lâmina vertical de serviços, que funciona como bloco de travamento dos andares superiores, que recebem amontagem de estrutura metálica.

Auditório e biblioteca, que acarretam sobrepeso estão sobre as estruturas de concreto. Devido à necessidade de vãos maiores para o auditório, optou-se por manter este vão central garantindo a praça livre e o salão de escritórios flexível.

Todos os itens e as áreas do programa foram rigorosamente atendidos, e o projeto se encontra em acordo com a legislação de Brasília. Foram respeitados o gabarito de 9,5 metros, os recuos obrigatórios, os coeficientes e ocupação pedidos.

O projeto para a CNM procura fortalecer os espaços de acolhimento, amparo aos encontros, considerando a diversidade dos municípios brasileiros.

arquitetura UNA arquitetos: cristiane muniz, fábio valentim, fernanda barbara, fernando viégas

colaboradores  ana paula de castro, bruno gondo, carolina klocker, eduardo martorelli, filipe dos santos barrocas, luccas matos ramos e roberto galvão júnior