EDIFÍCIO FREI CANECA, 2019

O projeto do Edifício na Rua Frei Caneca já nasce com essa qualidade, estar numa região entre o Centro e a Avenida Paulista, num bairro servido de toda a infraestrutura de uma grande metrópole. Acrescenta-se a isso a possibilidade de garantir moradia a famílias de renda limitada numa cidade em que a segregação é a regra, pois a legislação define a construção como Habitação de Mercado Popular (HMP). Viver perto do trabalho, caminhar, sem necessidade de carros, passa a ser um privilégio e contribuição a uma ocupação mais democrática e racional de São Paulo.

A rua já funciona com uso misto e a intenção é dar continuidade ao passeio público. Assim, uma loja de dupla altura estabelece a frente do lote. O acesso ao edifício acontece por uma passagem lateral, que funciona como pracinha, com um grande banco de espera e um pergolado que controla a incidência de sol. Essa entrada se desdobra para o pavimento inferior como jardim, arquibancada e bicicletário.

Todos os programas localizados no térreo têm, também, dupla altura: os dois saguões de entrada, tanto para o uso não residencial, como para o residencial, além do espaço de trabalho coletivo, lavanderia e salão de festas, que ainda se abre para um pátio nos fundos.

Os quatro primeiros pavimentos são restritos ao uso não residencial, ou seja, um serviço de moradia assistida, com um serviço de hotel. Os demais andares, que totalizam dezenove, abrigam apartamentos mínimos de 24,00m2e 32,00m2.

O volume geral é entrecortado por frestas verticais que garantem um corredor central iluminado e ventilado, potencializando a relação com o entorno através das vistas que se descortinam. Os finais dos corredores são sempre abertos à cidade.

A cobertura é área comum das residências, onde funcionam a piscina, e seu apoio com churrasqueira e os espaços de ginástica. A área descoberta é protegida por uma tela metálica de configura o volume virtual em contraponto ao volume opaco da torre de serviços, com caixas d’água, aquecedores e maquinário. Ou seja, o ponto mais alto, com garantia de sol, permite o uso durante todo o ano às atividades corporais.

A estrutura é de concreto armado e se evidencia nas linhas de lajes, conferindo um ritmo às fachadas, além de garantir a compartimentação vertical contra incêndio nas varandas. Todos os apartamentos têm varandas, lugar intermediário entre dentro e fora, tão importantes em climas tropicais. As paredes divisórias são pintadas em tom avermelhado, colorindo o edifício visto em perspectiva. Aliás, em função da geometria do lote, a implantação geral estabelece uma leve rotação com relação à rua, que fica somente paralela à cobertura do térreo.

A necessidade de obra com custos reduzidos (HMP) limita os materiais, mas não a expressividade arquitetônica, que já incorpora essas condicionantes para compor a paisagem urbana.

 

 

 

 

local são paulo, sp

ano 2019

arquitetura UNA MUNIZVIEGAS, cristiane muniz, fernando viégas

colaboradores joaquin gak, larissa urbano, manuela raitelli, matheus pardal, estudio + 1

youinc alessandra calefo, renato garcez, fernanda medeiros, gabriella lorca, ricardo alves

projeto estrutural teca engenharia de projetos

estrutura metálica n. oliveira

fundações portela e alarcon

instalações elétricas e hidráulicas emília takagi engenharia

ar condicionado thermoplan

consultoria de acessibilidade me arquitetura

consultor de bombeiros passoni serviços ltda

consultoria de instalações ditec engenharia e consultoria

coordenação e compatibilização um consultoria e projetos

comunicação visual nitsche arquitetos

interiores très arquitetura

paisagismo núcleo arquitetura da paisagem

vedações inpro engenharia

consultor de iluminação e ventilação ca2  consultores ambientais associados

sondagem engesolos  engenharia de solos e fundações ltda

planialtimétrico ínvar  topografia e agrimensura