AMPLIAÇÃO COLÉGIO MIGUEL DE CERVANTES, 2014

O projeto para ampliação do Colégio Miguel de Cervantes procurou entender e valorizar as relações propostas noprojeto original, de autoria do escritório Rino Levi.

As demandas apresentadas pelo Colégio, para prever as transformações necessárias para os próximos anos, foram pensadas como oportunidade para qualificar os espaços livres de recreação, ampliando suas dimensões, e reforçar a identidade ainda presente na implantação dosedifícios. Foram pensadas como fases de obra bem definidas e independentes. Manter os diferentes acessos externos foi outra premissa importante, que norteou as escolhas de implantação destas etapas.

A primeira fase consiste em transferiros usos de manutenção e depósitos, atualmente em construções de caráter precário, para galpões provisórios, a fim de utilizar a área como canteiro deobras. Ali seria instalado o edifício do ensino médio, com estacionamento (76 vagas) e áreas de manutenção em nível inferior, em condições melhores, e apesar de estar parcialmente em subsolo, com insolação e ventilação também adequadas. Na cobertura deste estacionamento, nomesmo nível que o ginásio poliesportivo (cota 99,00), e com acesso controlado, estariam a área de recreação e a cantina do ensino médio, ligadas diretamente ao andar superior e ao campus. A interligação com o restante da escola se daria por um novo eixo de circulação, com diferentes níveis desdobrados. Este eixo também permitiria o acesso ao Teatro existente de forma independentedo edifício do ensino fundamental. O ensino médio, em um edifício novo, abrigaria as salas de aula e de desdoble, todas no mesmo piso, com circulação através derampas, eliminando a necessidade de elevador, e simplificando a manutenção doconjunto. A circulação pelas rampas se constitui como passeio ao longo das cotas, e somente é possível já que o edifício possui três pavimentos. À medida em que os estudantes usam as rampas, vistas se descortinam para a própria escola. Os dois primeiros lances de rampas (estacionamento e pátio de recreação) se localizam dentro do volume. O terceiro lance, que dá acesso à cobertura, se descola e avança paralelo ao edifício externamente. Na cobertura deste bloco, em ação integrada à etapa posterior e para aproveitar este nível proposto, foram instaladas duas quadras esportivas descobertas e seus respectivos vestiários. O fechamento translúcido deste bloco unifica os dois níveis superiores e faz as vezes de alambrado para este espaço esportivo. Procurou-se construir um novo edifício que respeitasse a volumetria dos vizinhos, alinhando-o ao bloco do Poliesportivo, por ser o mais alto e estar mais próximo.

A segunda fase organiza a construção das piscinas e dos estacionamentos sob o campo de futebol, estabelecendo um nível de interligação destes novos espaços livres da escola, em articulação com o Poliesportivo: campo e pista de atletismo, ginásio (atualmente um pouco alijado dos acessos aos outros equipamentos) e recreação do ensino médio.

Verificou-se, nos relatórios de sondagem recebidos, que é possível escavar o nível do campo de futebol em quase 4m sem se chegar ao nível da água, possibilitando soluções que reduzem custos da obra. Entretanto, optou-se em rebaixar apenas 1,5m da cota atual (97,00) para o nível da garagem e elevar o nível do campo e quadras para a cota 99,00. Para a construção do estacionamento, de 346 vagas e pé direito de 2,70m (de acordo coma legislação municipal atual), esta escavação também pode reduzir a sobrecarganas divisas do terreno, baixando os muros de arrimo existentes. O nível proposto permite ainda que agaragem seja acessada por rampa diretamente da entrada da Av. Vicente Paiva (local onde hoje se encontra o estacionamento devans). O acesso à escola está localizado próximo ao Teatro, e pode ser controlado. Com isso, campo de futebol, pista de atletismo, quadras esportivas e arquibancada poderão ser reformados.

As piscinas foram localizadas de forma ater acesso fácil de qualquer ponto da escola, estabelecendo uma nova frente envidraçada para o espaço descoberto da recreação do ensino infantil e fundamental. Assim, os tanques de água estariam presentese visíveis, porém seu acesso seria restrito e controlado. O edifício indica uma só entrada, central, através dos vestiários.

Ao mesmo tempo, esta nova construção sugere novos acessos ao campo de futebol e uma nova arquibancada, em continuidade como nível do campo, e adequada à extensão daquele, como uma dobra deste espaço. Esta arquibancada poderia ser um jardim inclinado, e é a própria cobertura das piscinas.

Uma terceira fase, opcional, seria areforma do Ginásio Poliesportivo. Esta necessidade deverá ser verificada cuidadosamente junto à direção da escola, mas poderia ser encaminhada em momento oportuno, para sanar eventuais patologias que o edifício esteja sofrendo, como infiltrações de água, acessos segregados, problemas com os fechamentos externos, vestiários subutilizados, ou utilizados como depósitos, etc. A estratégia proposta procurou alinhavar todas as demandas colocadas pela direção, assim como se vincular a algumas soluções presentes.

A ação que indica uma grande laje como edifício novo, nível de recreação ampliado, interliga diversos espaços existentes, antes desconectados. Procura também qualificar os ambientes no nível inferior através de diferentes rasgos nesta laje, instalando jardins ou espaços livres no andar de estacionamento e manutenção. Estes jardins, com árvores que saem dos furos, se remetam aos pátios dos clusters, com arborização densa, que qualificam imensamente a recreação sombreada dos pequenos.

local são paulo, sp

ano 2014

arquitetura UNA arquitetos: cristiane muniz, fabio valentim, fernanda barbara, fernando viégas

co-autoria 2a+v: ana paula de castro, apoena amaral e vito macchione

colaboradores anna juni, camilo concha, carlos facio, eduardo martorelli, julia jabur, luísa cleaver, thiago benucci (una arqutetos); bianca santos, pedro ribeiro, raquel arauna e rodrigo carvalho (2A+V)