INSTITUTO DE ARTES UNICAMP, 2006
Concurso Público Nacional de Idéias para Teatro Laboratório de Artes Cênicas eCorporais da UNICAMP, Instituto de Arquitetos do Brasil – Departamento Campinas, 1º Prêmio
“Todas as coisas de que falo estão na cidade entre o céu e a terra.”
Ferreira Gullar
O projeto para o Teatro Laboratório e para as Faculdades de Artes Cênicas e Artes Corporais no campus da Unicamp tem como objetivo integrá-los às escolas deMúsica e Artes Plásticas. A proposta do projeto é conferir unidade ao Institutode Artes.
Anova implantação define um eixo de ligação entre os diversos edifícios, um passeio. O Teatro Laboratório ocupa uma posição central no conjunto; neste ponto, o passeio ganha a proporção de uma praça, remetendo à escala urbana. É a idéia de cidade dentro do campus como condição para a extensão das atividades das escolas no espaço aberto.
O acesso principal passa a ser a rua Bertrand Russel, marcado pelo edifício laminar que concentra as escolas deArtes Cênicas e Corporais. O estacionamento é um alargamento desta via, o que evita a concentração de automóveis nas ruas estreitas laterais. Sob a lâmina, uma ampla varanda marca o início do eixo que liga os edifícios do Instituto deArtes e as entradas independentes das escolas de Artes Cênicas e Corporais.
As escolas desenvolvem-se perpendicularmente, de forma a envolver a praça do Teatro. As salas que exigem maior altura estão agrupadas no nível superior da lâmina, uma construção deestrutura metálica com 10m de altura interna. Estas salas, cada uma pensada como um galpão, possuem uma pequena abertura na face norte, descortinando uma vista para o lago. A abertura em forma de shed na face sul permite luz difusa e ventilação cruzada para todas as salas. Um passadiço técnico facilita o manuseio de cenários e iluminação cênica. A circulação das salas é uma galeria envidraçada que funciona como espaço de repouso para alunos e professores. Uma ponte coberta comunica esta galeria com o mezanino do edifíciodo teatro, onde estão as duas maiores salas das escolas, que podem dar acesso ao público: a sala para grandes grupos de dança e o laboratório de técnicas circences. Essas salas possuem ainda acesso direto pelo estacionamento existente, permitindo entrada de material no mesmo nível.
O edifício do Teatro Laboratório foi projetado como uma escola; um edifício de acesso franco, onde o nível do palco corresponde ao nível da praça. A varanda de entrada é uma extensão da cantina. O salão de espera possui iluminação zenital, luz que atinge o nível inferior onde estão dispostas as oficinas. Uma escada metálica cruza este salão e sua forma indica um percurso contínuo que se estende ao edifício das escolas. O público pode ter acesso ao teatro tanto pelo térreo como pelo mezanino, sempre pelas laterais da sala. O sistema de circulação da sala permite a entrada e a saída de cena por qualquer lado e em qualquer nível da sala. O acesso para serviços e cenários é feito através da rua Carlos Gomes. Uma viela, que acompanha os laboratórios do teatro e a circulação da escola de Artes Corporais liga o centro do conjunto ao Instituto de Estudos da Linguagem na quadra seguinte.
A viela funciona como passagem e a praça como local de convívio – são ainda espaços externos pensados como extensão do teatro, cenários das atividades diversas de dança, música, artes plásticas, cênicas e corporais.
A tipologia da sala do teatro adotada neste projeto é a de uso múltiplo. Esta opção se deu em função das características de uso do equipamento e do próprio conceito de ‘teatro experimental’. A alteração da topografia da cena e doformato da platéia ampliam o alcance do edifício teatral para além de uma ‘salade espetáculos’ e aponta uma via exploratória de todas as possibilidades formais do teatro: aprender com a tradição do teatro grego, pesquisar a história do teatro elizabetano ou desvendar as vanguardas contemporâneas do teatro total.
A sala se fecha, se abre e preenche seus vazios. Assim revela, pela forma, tanto os conceitos do teatro explorados pelos alunos da escola como os observados pelo público. Tudo reunido num mesmo espaço integrado. As possibilidades de mascaramento da cena através dos recursos cenotécnicos permitem também a montagem da cena frontal, um ‘teatro tradicional’ à italiana, organizado claramente a partir de um eixo determinado pela forma do prédio e pelas circulações. Este edifício teatral é uma caixaque, virada pelo avesso, tenta conter não apenas o espetáculo no encontro com seu público, mas também seu espelho – revelando, nos interstícios de seu espaço, as dimensões do teatro.
local campinas, são paulo – sp
concurso 2002
projeto 2009
arquitetura Una arquitetos: cristiane muniz, fábio valentim, fernanda barbara, fernando viégas (autores) + clóvis cunha; andré ciampi, carolina nobre, gustavo pimentel, márcio wanderley (concurso) ana paula de castro, carolina klocker, gabriela gurgel, fabiana cyon, jimmy efrén liendo terán, josé carlos silveira júnior, miguel felipe muralha, sílio almeida (colaboradores)
coordenação de projeto UNICAMP | NGPO– eng. eduardo jamal e arq. flávia gardoggini
teatro 5.668,73 m²
gerenciamento de projeto JCH gerenciamento de projetos e obras
estrutura grifa engenharia – marcelo facchini e tarsis travassos
instalações prediais JCH gerenciamento de projetos e bras
acústica acústica e sônica – J.A. nepomuceno
cenotecnia espaço cenográfico – gustavo lanfranchi
luminotecnia ponto elétrico – ricardo heder e juliana pongitor
bloco dos departamentos 5.013,45 m²
gerenciamento de projeto prado & oliveira engenharia e construção
estrutura | instalações prediais prado & oliveira engenharia e construção
acústica acústica e sônica – J.A. nepomu
cenocenotecnia espaço cenográfico – gustavo lanfranchi
luminotecnia ponto elétrico – ricardo heder e juliana pongitor
- FOLHA DE SÃO PAULO Campinas 30 de maio de 2002, Caderno Especial, p.3 “Unicamp terá teatro de 500 lugares” Cássia Elisabete Souza
- GAZETA MERCANTIL 13 e 14 de julho de 2002, p.11 A arte como ciência Mauricio Ribeiro
- ÁGORA UNICAMP “Teatro Universitário de Campinas – Instituto das Artes”
- PROJETO DESIGN Arco Editorial, n. 360, janeiro 2010, p. 44-47 Unicamp