CASA EM JOANÓPOLIS, 2005

8ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, Menção Honrosa . obra construída

A casa foi projetada para amigos que freqüentavam a Fazenda Carambó, a dois quilômetros de distância, onde construímos um pavilhão em 2002. A região é uma terminação da Serra da Mantiqueira, com mil metros de altitude, na divisa entre São Paulo e Minas Gerais.

O condomínio de casas fica à margem da represa de Piracaia, que integra o sistema de abastecimento da capital. Muito próximo, o bairro do Lopo, antigo caminho de Bandeirantes e parada de tropeiros no séc. XIX.

Comum a esses condomínios: as casas não cabem em seus lotes, ostensivas, ficam umas sobre as outras. A tentativa foi inversa: ajustar-se ao terreno em declive revelando suas virtudes, protegendo-se das construções vizinhas, à procura de uma casa cômoda. A operação foi realizada em corte, com o equilíbrio dos volumes de terra para aterros.

Os muros de arrimo foram construídos com pedras catadas do terreno e técnica local. Originam um desenho de linha contínua, e se dobram para auto-sustentação. Formam-se, assim, três pátios que se relacionam com os programas da casa, dormitórios, estar e serviços. O movimento dos muros distende e retrai os espaços internos.

Da rua só se vê a torre branca que abriga a infra-estrutura (cozinha, fornos, chaminés, caixa d-água, aquecedores) e uma régua horizontal de 8×40 metros, que é a cobertura ajardinada da construção. Tal solução garante eficiente inércia térmica em local com grande amplitude entre temperaturas diurnas e noturnas.

Um primeiro platô, onde os carros podem estacionar, fica em cota intermediária entre a rua e a casa. É deste nível que se pode subir ao jardim da cobertura, ou descer e passar por um pequeno túnel que serve de portal de entrada ao pátio contíguo à sala de estar.

Imaginou-se um uso com muita gente em atividades simultâneas – uma casa em festa. Os espaços de convívio coletivo foram reunidos pela lareira e pelos fornos, separados pelo volume da cozinha. De dia esses ambientes se abrem completamente, tranformando-se em grande varanda, e de noite se fecham, mantendo a transparência. As portas de correr de vidro ficam recuadas dois metros da fachada predominantemente norte, que coincide com as vistas distantes, e faceadas a sul, abrem-se para os pátios. Nos dormitórios foram desenhados, também, painéis móveis de madeira para escurecer os ambientes.

Foram respeitadas as qualidades próprias dos materiais. A estrutura é de concreto armado e, apesar do comprimento, está toda modulada em vãos de 4 metros. Além disso, o detalhamento e as especificações tiveram como premissa a economia da obra.

A casa se estende para o segundo platô, gramado, que está nivelado com a piscina. Locada na extremidade, estabelece continuidade visual de suas águas com a represa ao longe. A construção da piscina e respectivo solário, como um anexo, abriga abaixo o salão de jogos, um depósito e a casa de máquinas, que abrem para o terceiro platô.

O novo plantio é uma recomposição da mata ciliar: Peroba-Rosa, Jequitibá, Embaúba, Aroeira, Tarumã, Acácia, Grumixama, Carobas, Jacarandás, Ipês. As árvores frutíferas ficaram mais próximas, de fácil alcance: Jaboticaba, Pitanga, Laranja, Limão, Romã, Acerola, Amora.

A construção é paisagem, geografia, lugar, história e se dilui como objeto.

local joanópolis, sp

projeto  2005

obra  2008

área do terreno  4383,25 m²

área construída  433,79 m²

arquitetura UNA arquitetos  cristiane muniz, fábiovalentim, fernanda barbara e fernando viégas

colaboradores  ana paula de castro, jimmy efrén liendo terán, josé carlos silveira júnior, maria cristina motta, miguel muralha e sílio almeida

estruturas  stec do brasil

instalações hidráulicas  caiuby projetos e serviços de engenharia

instalações elétricas  p. d´aprile consultoria e projetos

luminotecnia ricardo heder

impermeabilização  proassp

paisagismo soma arquitetos

construção construtora lomar

fotos bebete viégas