CENTRO UNIVERSITÁRIO MARIA ANTONIA, 2000

Premiação IAB/SP 2018, Menção Honrosa em restauro e requalificação – projeto executado

5ª Bienal Internacional de Arquitetura de São Paulo, Menção Honrosa na Categoria Edificações Institucionais – Projeto

 

A Rua Maria Antonia é uma referência na história da Universidade de São Paulo (USP) e um marco na vida cultural e política da cidade. Torna-se catalisadora de discussões acadêmicas e sociais com a instalação da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras no nesse endereço em 1949.

Após a violenta invasão do edifício por um grupo de estudantes de direita, acompanhado pela polícia, em 1968, a Faculdade de Filosofia foi transferida para a Cidade Universitária. A relevância desses acontecimentos definiu a razão de tombamento do edifício construção principal do conjunto.

O projeto de reforma e restauro procura adaptar o conjunto (Ed. Rui Barbosa e Joaquin Nabuco) ao novo uso, um núcleo de arte contemporânea que aglutina espaços expositivos, salas para cursos teóricos e práticos, o Teatro da Universidade e tem como questão central afirmar o caráter público que historicamente marcou esse patrimônio da USP. A proposta inclui o restauro das fachadas principais e mantém intacta a volumetria dos edifícios Rui Barbosa e Joaquim Nabuco, mas propõe uma nova relação do conjunto com a cidade. A área livre entre os dois prédios ganha a dimensão de espaço público, conformando uma pequena praça. No nível da rua, essa praça é o alargamento natural da calçada e define um acesso convidativo ao conjunto. No nível inferior, um pátio arborizado realiza a conexão entre os dois edifícios, criando, para o teatro, um lugar de apresentações ao ar livre. Requalificar os espaços livres, oferecendo uma ligação generosa do conjunto com a cidade, é a contribuição do projeto para a memória do movimento acadêmico, cultural e político que teve sede à rua Maria Antônia.

As intervenções mais significativas ocorreram no Edifício Rui Barbosa. O projeto mantém a organização espacial do prédio, caracterizada por uma escada central e três salões de tamanhos distintos. A abertura da varanda lateral revelou a parede original da construção primitiva do edifício, da primeira década do século XX. O salão maior, voltado ao interior do lote, não possuía laje, tanto no térreo como no primeiro pavimento; seu piso era constituído de barrotes e assoalho de madeira, totalmente comprometido pela ação de fungos e cupins. Essa estrutura foi substituída por peças metálicas e laje de concreto, dimensionada de acordo com seu novo uso, possibilitando exposição de obras com carga concentrada. Como consequência, a fachada lateral, absolutamente inexpressiva, passa a revelar essa intervenção e requalifica o plano que se volta ao novo espaço público. O brise, que ocupa grande parte dessa fachada, é um filtro industrial composto por fios de aço inox. Os painéis vieram modulados da fábrica e parafusados na estrutura metálica.

No térreo estão as salas de exposições, uma delas com amplas aberturas para a rua Maria Antonia. O nível inferior é ocupado por espaços de serviço, reserva técnica, além de um café e uma sala de dança e música. E no primeiro andar, mais três salas de exposição, de dimensões distintas.

O projeto revela os diversos tempos dos edifícios e o conjunto de transformações que acompanharam seus distintas ocupações. Articula espaços remanescentes, fundo de lote, edifícios originais e novas construções através de praças, rampas e uma passarela. O Centro Universitário Maria Antônia não é um edifício, mas fragmentos interligados, partes articuladas de um centro urbano densamente ocupado. Utilizado especialmente por estudantes e também por grande diversidade de pessoas, característica marcante do centro de São Paulo, o projeto da Maria Antonia é uma hipótese sobre intervir na cidade consolidada. Uma reflexão sobre construir a partir da cidade existente, com um patrimônio frágil nas suas qualidades arquitetônicas, sobre suas relações com a memória urbana e as transformações desejáveis na região central de São Paulo.

local são paulo, sp

projeto 2000

obra 2017

área total 6.198,68m²

arquitetura UNA arquitetos; cristiane muniz, fábio valentim, fernanda barbara, fernando viégas

colaboradores ana paula de castro, andré ciampi, apoena amaral e almeida, camila lisboa, clóvis cunha, fernanda neiva, felipe noto, guilherme petrella, henrique bustamante, jimmy liendo, josé baravelli, josé carlos silveira júnior, pablo hereñu, sílio almeida

construção  gafisa / lk2

estrutura de concreto  frança & associados engenharia

estrutura metálica  engebrat consultores, engenharia e projetos

fundações  engenheiros associados consultrix

sondagem  geoplano serviços técnicos

instalações prediais  projetar engenharia e projetos

levantamento planialtimétrico e cadastral  etagri serviços de engenharia e construções

climatização  thermoplan engenharia térmica

acústica e conforto térmico  ambiental

cenotecnia  j. c. serroni criações visuais

luminitecnia  ricardo heder

consultoria em conservação  gedley belchior braga

paisagismo  sakae ishi

modelo eletrônico  clóvis cunha

fotos  nelson kon /  bebete viégas [obra]

vídeo bebete viégas